fbpx

Sabonetes – grandes aliados no combate a microrganismos causadores de doenças

Vários estudos foram feitos desde a década de 60 mostrando a eficácia da lavagem das mãos (sabonete e água) no combate a contaminação por microrganismos. Um estudo recente, feito em 2017, mostrou a eficácia da lavagem das mãos contra a contaminação pelo temido vírus do Ebola [3].  É um método muito simples e que pode salvar muitas vidas.

Neste post explicamos como a lavagem com sabonetes funciona no combate a microrganismos e qual sua eficácia.

Existem três pontos a serem considerados quando se fala em combater a contaminação por microrganismos (vírus ou bactérias) através da simples lavagem das mãos com sabonetes:

  1. Lavar as mãos com sabonetes é realmente eficaz para eliminar todos os microrganismos presentes? Seria o álcool em gel 70 mais eficaz?

Como o sabonete limpa? É através do processo de arraste. As moléculas de sabão possuem uma parte polar e outra apolar, quer dizer que possuem facilidade para se conectar a moléculas tanto polares, que é o caso da água, quanto apolares, que é o caso da gordura. Assim, quando ensaboamos as mãos, fazemos com que as moléculas de sabão se liguem às gorduras presentes na superfície da pele, entre elas estão os microrganismos, que possuem uma capa de proteção em forma de gordura. Quando enxaguamos, o que acontece? A parte livre (polar) das moléculas de sabão se prende à água, fazendo com que os microrganismos que já estavam presos nas moléculas sejam arrastados e as mãos fiquem livres deles.

O que é mais eficaz para livrar nossas mãos de microrganismos infecciosos? O sabonete ou o álcool em gel?

Mas e o álcool em gel? Por que não seria tão eficaz? Porque ele não possui mecanismo de arraste, portanto, quando se limpam as mãos apenas com o álcool gel, deve-se confiar que ele seja forte o suficiente para matar todos os microrganismos presentes. O álcool 70 tem esse poder, mas é praticamente impossível conseguir matar todos os microrganismos presentes, afinal, teria-se que colocar uma quantidade suficientemente grande de álcool para que pudesse chegar em cada local da mão (as pessoas costumam colocar quantidades mínimas e fazem um espalhamento rápido e pouco detalhado apenas na palma e dedos), inclusive em baixo das unhas.

Já quando se lavam as mãos de forma correta com sabonete/sabão, é muito mais fácil ensaboar em todos os lugares e enxaguar, deixando as mãos livres de qualquer agente infeccioso.

  1. Mas especificamente sobre o sabonete em barra, se for usado por várias pessoas, pode transmitir os microrganismos de uma para outra? Pode agir como uma fonte de contaminação? É melhor usar o sabonete líquido?

O mais rigoroso estudo feito sobre o assunto foi publicado em 1965 [1].  Cientistas conduziram uma série de experimentos em que propositalmente contaminaram suas mãos com uma quantidade em torno de 5 bilhões de bactérias causadoras de doenças como Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Os cientistas, então, lavaram suas mãos com uma barra de sabonete e passaram a barra para que uma segunda pessoa também lavasse. Eles constataram que as bactérias não foram transferidas para o segundo usuário e também concluíram que a quantidade de bactéria que possa permanecer na superfície do sabonete tampouco constitui um risco. Pois, o pH do sabão/sabonete é alcalino, o que o torna um ambiente nada propício para a proliferação de microrganismos.

Segundo estudos, sabonetes em barra não são fontes de contaminação de microrganismos. Além de não transferirem microrganismos entre usuários, por possuir um pH alcalino, tampouco é um ambiente propício para a proliferação de vírus, bactérias ou fungos.

Em um segundo estudo, feito em 1988 [2], cientistas inocularam várias barras de sabonete com bactérias patogênicas e deram para voluntários lavarem as mãos. Novamente, nenhum dos voluntários teve níveis detectáveis de bactérias em suas mãos.

O sabonete líquido funciona da mesma forma que a versão em barra no mecanismo de arraste, o problema é que o seu pH é neutro a ácido. Assim, se o recipiente que contém o líquido for exposto a agentes infecciosos, deve-se contar com o conservante para eliminá-los e evitar que se reproduzam e contaminem. Já o sabonete em barra não precisa de conservante, pelo fato dele já ser naturalmente mais alcalino, por si só já é um ambiente nada propício para qualquer microrganismo.

  1. É melhor o sabonete antibacteriano? Com triclosan?

De jeito nenhum! As moléculas de sabão já tem a característica própria para fazer o mecanismo de arraste e livrar suas mãos de todo agente infeccioso, sendo vírus ou bactérias. Já o aditivo que normalmente é utilizado em sabonetes antibacterianos, o triclosan, tem uma longa ficha de contras:

Primeiro, o triclosan não age contra vírus, que é justamente o que causa a maioria das doenças, mas age apenas contra algumas bactérias específicas [4].

Além disso, o triclosan está na berlinda por possíveis danos à saúde e ao meio ambiente. Sendo apontado por alguns estudos como um disruptor hormonal, causador de defeitos congênitos e até câncer [4].

Citamos alguns estudos que mostram a eficácia de um método muito simples que pode salvar muitas vidas, já que as mãos constituem um dos principais meios de contágio de vírus e bactérias. Não subestime! Lave sempre suas mãos e proteja-se!

[1] A. Bannan, M.S. and L. F. Judge, Ph.D. The inability of soap bars to transmit bacteria, Bacteriological Studies Relating to Handwashing . 1965

[2] Heinze JE1, Yackovich F. Washing with contaminated bar soap is unlikely to transfer bacteria. Epidemiol Infect. 1988 Aug;101(1):135-42.

[3] Marlene K. Wolfe, Karin Gallandat, Kyle Daniels, Anne Marie Desmarais, Pamela Scheinman, Daniele Lantagne. Handwashing and Ebola virus disease outbreaks: A randomized comparison of soap, hand sanitizer, and 0.05% chlorine solutions on the inactivation and removal of model organisms Phi6 and E. coli from hands and persistence in rinse water. Published online 2017 Feb 23. doi: 10.1371/journal.pone.0172734

[4] Rosa, M. Por que evitar o sabonete antibacteriano. Jun de 2013. Disponível em: <https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/bem-estar/por-que-evitar-o-sabonete-antibacteriano/>. Acesso em: 19 de Março de 2020.

RSS
Follow by Email
Facebook
Facebook
Twitter
Instagram

Deixe uma resposta

RELACIONADOS